2014-10-22

Rota Vicentina

Numa volta do trilho vejo um belíssimo medronheiro e, ao lado, um jeep todo inclinado (aquilo não era sítio nem mesmo para jeeps) e dois funcionários parados, a olhar para mim.
A situação era tão insólita que me cheguei e meti conversa:
“Que belos medronhos.”
Um dos guardas (o único falante) respondeu:
“Ah esta árvore… esta árvore…”
E começámos os três a comer desalmadamente medronhos, com muitas recomendações de não comer demais porque podiam fazer mal, bebedeiras, indisposições, ressacas, … (sempre era mais uma boca a comer…)
O medronheiro era notável e lindo. Ainda com muita fruta por amadurecer mas já tinha quilos de fruta madura e não havia nenhum daqueles medronhos pequenos e escuros, secos e com pintas pretas que ficam a trabalhar nos dentes.
Todos os medronhos que comi eram deliciosos, tenros, carnudos, dos que se soltam da árvore ao primeiro toque, e docíssimos.
O jeep tinha um sarilho de mangueira e uma bomba de água e eu perguntei:
“Andam aqui por causa dos fogos?”
Ao que o guarda, com um gesto muito vago, respondeu:
“Vigilância… vigilância…” (Era de poucas palavras mas repetia-as sempre) e eu, para dizer qualquer coisa continuei:
“Pois… este ano foi muito clemente em fogos” mas cá para mim fiquei a pensar “vigilância mas é dos medronheiros”
Fiquei contente por perceber que estes guardas conhecem a serra árvore a árvore. É mais do que o papel deles e é para isso que servem estas voltas na serra. Este conhecimento é-nos fundamental em inúmeras situações.

Comam medronhos, comam e muitos!
#rotavicentina

1 comentário:

Filipe Pinto disse...

O medronho é único. No início pensava que era preciso tirar a 'casca'. Erro. Come-se o medronho inteiro incluído o exterior, picos e tudo. Lá dentro tem um textura que achei semelhante ao alperce e como só arrisquei a comer dois não tive medo de cair para o lado.